segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Macondo

Em Macondo, eu e Amaranta bordamos na varanda aguardando notícias do coronel Aureliano Buendía. Rebecca fica a costurar vestidos. Sinto o cheiro dos caramelos de Úrsula que vêm da cozinha.
Às cinco da tarde todos os relógios cucos tocam uma melodia mecânica.
José Arcadio Buendía desenhou essa cidade de tal maneira que nenhuma casa toma mais ou menos sol do que outra. Pobrezinho, enlouquecido, hoje fica atado ao castanheiro do quintal.
Ah, Aureliano, por que tantas guerras? Volte meu querido, deixo seu café amargo sempre pronto a lhe esperar. Não me importo com as mulheres que passam por sua rede de campanha. Sei que voltará à Macondo para fazer peixinhos de ouro, derretê-los e repetir tudo infinitamente. Como a mortalha que Amaranta tece. Desmancha-a, pensando que com isso adiará a morte.
Ficamos na varanda. Macondo é uma varanda numa tarde fresca, imprescindível que paire o silêncio.
Onde moro? Ah, andei pelo mundo. Não moro nesta cidade provinciana e de mentalidade medíocre. Moro em Macondo. O que faço? Apenas esperar por meu Aureliano.

4 comentários:

Kiara Domit disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kiara Domit disse...

e dá vontade de passar por mais cem anos de solidão!

caio ricardo bona moreira disse...

cem anos de solidão foi um dos livros mais incríveis que li da literatura hispano-americana... bela releitura

Anônimo disse...

Que delícia de texto... relembrar Macondo então.. Cem Anos de Solidão foi um dos melhores livros que li,,,. abraços